"O Freunde, nicht diese Töne!
Sondern lasst uns angenehmere anstimmen
Und freudenvollere!
[...]
Deine Zauber binden wieder
Was die Mode streng geteilt;
Alle Menschen werden Brüder,
Wo dein sanfter Flügel weilt."
Friedrich von Schiller, Ode An die Freude, 1785/6 [Adaptada e parcialmente modificada por Beethoven].
Tempo de Ludwig van Beethoven e da Sinfonia nº9 em ré menor, op. 125, para orquestra, coro e 4 solistas (soprano, contralto, tenor e baixo – por vezes barítono). Duração média – mais de 60 minutos.
Hino oficial europeu, UE, desde 1985 e Memória do mundo, UNESCO, desde 2001.
Tenho para mim, desde há muito, que os génios nascem de 100 em 100 anos... quando nascem. Em Bonn, 16 de Março de 1770, nasceu um deles, Beethoven de seu nome... pessoa e cidadão do mundo, por assim dizer.
O peso e a sombra de Beethoven pairam sobre a música de uma forma tal que dificilmente alguém se liberta da sua influência. Provas disso mesmo? É fácil... peça-se a quem sabe que indique alguns dos momentos mais significativos da organização musical de sempre... e lá vêm no texto da resposta duas referências ao mestre. A saber:
A integral das sinfonias e a integral das sonatas para piano.
Vai longe o dia 7 de Maio de 1824, na circunstância no Kärntnertortheater em Viena de Áustria, quando foi apresentada publicamente a 9ª sinfonia. Se por aqueles tempos já a surdez afectava e muito Beethoven, está à vista porém que ele não precisava de ouvir o que tinha musicalmente sonhado, na medida em que tratava a música como coisa mental e não como um fenómeno meramente acústico.
Ouvir a 9ª do Beethoven implica estar atento às texturas dos diferentes naipes de instrumentos, aos contrastes que vão do pianíssimo ao fortíssimo, às citações, à tensão dramática que a organização do conjunto consegue criar no ouvinte, às emoções lúdicas e estéticas...
A acabar num grand finale apoteótico o último andamento contém uma novidade à época, na circunstância a inclusão de um coro interpretando a ode An die Freude de Schiller. A ode, cujo idealismo de fraternidade e igualdade era igualmente professado por LvB, já o teria levado a admitir a sua utilização sob forma musicada desde algum tempo antes.
Há no panorama editorial discográfico desta sinfonia interpretações com instrumentos modernos (ditas “românticas”) e com instrumentos da época (ditas HIP – acrónimo de Historically Informed Performance). Há-as com orquestras grandes e pequenas, há-as com os andamentos nos limites mínimos dos tempos de metrónomo e nos máximos, há-as com técnicas de execução da época e de hoje, há-as ao vivo e em estúdio, ou seja, há-as para todos os gostos técnicos, artísticos e estéticos.
Não cabe nesta diatribe o que quer que seja sobre LPs, CDs, DVDs, SACDs, AAD, ADD, DDD, já que se coloca a questão do ponto de vista artístico e estético. Isto é, trata-se de música e não de tecnologia. E isto para não falar da inevitabilidade de ter de se ir a uma sala de concertos, ao vivo, começando por aquele ritual inicial das afinações dos diferentes instrumentos...
Sugestões para uma audição rápida comparada da 9ª? Os primeiros cerca de 100 segundos do 1º andamento, os primeiros 30 segundos do 2º andamento e os últimos cerca de 200 segundos do andamento final. Comparem-se versões diferentes, andamento de uma versão vs o mesmo andamento de outra versão... romântica vs HIP... maestro x vs maestro y... maestro x com a orquestra y vs o mesmo maestro x mas com a orquestra z... e sempre o texto da ode de Schiller na mão e muita disponibilidade de tempo, poderia lá ser de outra maneira...
Sugestões de audição em CD?... a resposta é longa, enorme, existindo em papel, na www e na usenet análises e recomendações sem fim, de especialistas, melómanos e outros ... mas ainda assim aqui vai uma, com sabor parcialmente conhecido de alguns, já que o coro é português.
Beethoven
The 9 Symphonies. Frans Brüggen. Orchestra of the 18th century
Lisbon Gulbenkian Foundation Chorus
Lynne Dawson, Jard van Nes, Anthony Rolfe Johnson, Eike Wilm Schulte
SPARS: DDD. Philips - 442 156-2 (5CDs)
Não é fácil encontrá-la, já que a caixa com a integral das 9 sinfonias, em versão HIP, por estes tempos parece andar esgotada em tudo o que é grande casa internacional da especialidade. Restará assim o mercado de usados, dos leilões, se se conseguir encontrá-la...
Sugestões de leitura?...a lista é enorme...
Hino europeu desde 1985 (sem texto).
http://europa.eu/abc/symbols/anthem/index_pt.htm
http://europa.eu/abc/symbols/anthem/index_fr.htm
http://europa.eu/abc/symbols/anthem/index_en.htm
Memória do mundo pela UNESCO
Registre Mémoire du monde de l'UNESCO
http://portal.unesco.org/ci/fr/ev.php-URL_ID=7045&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201.html
UNESCO's Memory of the World Register
http://portal.unesco.org/ci/en/ev.php-URL_ID=7045&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201.html
Conclusão
A 9ª sinfonia de Beethoven é, artisticamente, um dos momentos mais sublimes de criação do homem e tem a particularidade de permanecer e pairar sobre todas as suas interpretações, qual maestria compositiva inatingível.
Dito isto e sendo enorme o número de versões disponíveis no mercado... manda a cabeça, o coração, o estômago, a alma e sei lá que mais que se adquiram várias. Ou seja, quem tem uma não tem nenhuma.
Hino oficial europeu, UE, desde 1985 e Memória do mundo, UNESCO, desde 2001.
Tenho para mim, desde há muito, que os génios nascem de 100 em 100 anos... quando nascem. Em Bonn, 16 de Março de 1770, nasceu um deles, Beethoven de seu nome... pessoa e cidadão do mundo, por assim dizer.
O peso e a sombra de Beethoven pairam sobre a música de uma forma tal que dificilmente alguém se liberta da sua influência. Provas disso mesmo? É fácil... peça-se a quem sabe que indique alguns dos momentos mais significativos da organização musical de sempre... e lá vêm no texto da resposta duas referências ao mestre. A saber:
A integral das sinfonias e a integral das sonatas para piano.
Vai longe o dia 7 de Maio de 1824, na circunstância no Kärntnertortheater em Viena de Áustria, quando foi apresentada publicamente a 9ª sinfonia. Se por aqueles tempos já a surdez afectava e muito Beethoven, está à vista porém que ele não precisava de ouvir o que tinha musicalmente sonhado, na medida em que tratava a música como coisa mental e não como um fenómeno meramente acústico.
Ouvir a 9ª do Beethoven implica estar atento às texturas dos diferentes naipes de instrumentos, aos contrastes que vão do pianíssimo ao fortíssimo, às citações, à tensão dramática que a organização do conjunto consegue criar no ouvinte, às emoções lúdicas e estéticas...
A acabar num grand finale apoteótico o último andamento contém uma novidade à época, na circunstância a inclusão de um coro interpretando a ode An die Freude de Schiller. A ode, cujo idealismo de fraternidade e igualdade era igualmente professado por LvB, já o teria levado a admitir a sua utilização sob forma musicada desde algum tempo antes.
Há no panorama editorial discográfico desta sinfonia interpretações com instrumentos modernos (ditas “românticas”) e com instrumentos da época (ditas HIP – acrónimo de Historically Informed Performance). Há-as com orquestras grandes e pequenas, há-as com os andamentos nos limites mínimos dos tempos de metrónomo e nos máximos, há-as com técnicas de execução da época e de hoje, há-as ao vivo e em estúdio, ou seja, há-as para todos os gostos técnicos, artísticos e estéticos.
Não cabe nesta diatribe o que quer que seja sobre LPs, CDs, DVDs, SACDs, AAD, ADD, DDD, já que se coloca a questão do ponto de vista artístico e estético. Isto é, trata-se de música e não de tecnologia. E isto para não falar da inevitabilidade de ter de se ir a uma sala de concertos, ao vivo, começando por aquele ritual inicial das afinações dos diferentes instrumentos...
Sugestões para uma audição rápida comparada da 9ª? Os primeiros cerca de 100 segundos do 1º andamento, os primeiros 30 segundos do 2º andamento e os últimos cerca de 200 segundos do andamento final. Comparem-se versões diferentes, andamento de uma versão vs o mesmo andamento de outra versão... romântica vs HIP... maestro x vs maestro y... maestro x com a orquestra y vs o mesmo maestro x mas com a orquestra z... e sempre o texto da ode de Schiller na mão e muita disponibilidade de tempo, poderia lá ser de outra maneira...
Sugestões de audição em CD?... a resposta é longa, enorme, existindo em papel, na www e na usenet análises e recomendações sem fim, de especialistas, melómanos e outros ... mas ainda assim aqui vai uma, com sabor parcialmente conhecido de alguns, já que o coro é português.
Beethoven
The 9 Symphonies. Frans Brüggen. Orchestra of the 18th century
Lisbon Gulbenkian Foundation Chorus
Lynne Dawson, Jard van Nes, Anthony Rolfe Johnson, Eike Wilm Schulte
SPARS: DDD. Philips - 442 156-2 (5CDs)
Não é fácil encontrá-la, já que a caixa com a integral das 9 sinfonias, em versão HIP, por estes tempos parece andar esgotada em tudo o que é grande casa internacional da especialidade. Restará assim o mercado de usados, dos leilões, se se conseguir encontrá-la...
Sugestões de leitura?...a lista é enorme...
Hino europeu desde 1985 (sem texto).
http://europa.eu/abc/symbols/anthem/index_pt.htm
http://europa.eu/abc/symbols/anthem/index_fr.htm
http://europa.eu/abc/symbols/anthem/index_en.htm
Memória do mundo pela UNESCO
Registre Mémoire du monde de l'UNESCO
http://portal.unesco.org/ci/fr/ev.php-URL_ID=7045&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201.html
UNESCO's Memory of the World Register
http://portal.unesco.org/ci/en/ev.php-URL_ID=7045&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201.html
Conclusão
Dito isto e sendo enorme o número de versões disponíveis no mercado... manda a cabeça, o coração, o estômago, a alma e sei lá que mais que se adquiram várias. Ou seja, quem tem uma não tem nenhuma.
Apenas um pedido. Inicias o post com o poema de Schiller. Não seria possível colocares uma tradução/adaptação decente do mesmo? É que, em Português, só conheço aquela versão "Oh Clarinha, olha as pombas, vem, não tenhas medo..." da Ana Faria e Queijinhos... e nem todos temos a tua cultura germanófila...
ResponderEliminarCaríssimo,
ResponderEliminarPara traduções de textos ocidentais e em caracteres latinos o melhor mesmo é ler directamente nos originais da época e em versão integral.
Há na www fac-símiles de edições de meados do século XIX com traduções em várias línguas.
Por exemplo:
Para tradução de alemão para inglês vê esta edição do The minor poems of Schiller of the second and third periods / Poems of the Middle periode 1785-88, editada em Londres em 1844 por John Herman Merivale, Esq. F.S.A. Ver as páginas 3 até 8.
http://books.google.pt/books?id=RZRJAAAAMAAJ&pg=PA321&dq=schiller+ode+to+joy&lr=lang_en&num=100&as_brr=3&as_pt=ALLTYPES#PPA4,M1
Para tradução de alemão para francês vê esta edição do Poésies de Schiller, publicadas em Paris por L. Hachette et C.ie em 1859. Ver as páginas 401 até 405.
http://books.google.pt/books?id=lIwTAAAAQAAJ&pg=PA61&dq=schiller+ode+joie&lr=lang_fr&num=100&as_brr=3&as_pt=ALLTYPES#PPP9,M1
Atenção ao facto de Beethoven ter adaptado e modificado parcialmente o texto da ode do Schiller.