TEMPO Nº31 - TEMPO DE ESCULTURA NA CIDADE (4)
"[...]
Vejo o puro, suave e brando Tejo,
Com as côncavas barcas que, nadando,
Vão pondo em doce efeito seu desejo;
Umas com brando vento navegando,
Outras, c’os leves remos, brandamente
As cristalinas águas apartando.
[...]”
Luís de Camões, “Elegia III.”, séc. XVI
O tempo de escultura na cidade desta feita deveria chamar-se na vila. Na circunstância na Notável Vila da Constância, de seu nome completo, situada na confluência do Zêzere com o Tejo.
Se indo pela avenida abaixo e antes de se chegar à praça se passar para a zona ribeirinha (do rio, que não do Tejo), lá está ela, a escultura de Luís de Camões. É da autoria do escultor Lagoa Henriques e foi inaugurada em Junho de 1981 pelo então presidente da república, general Ramalho Eanes.
A escultura apresenta-nos mais do que a focal estátua muitas vezes esperada, já que de volumes vários é formada e com escala e modelação de espaço que mais fazem lembrar a arquitectura. Percorra-se então o espaço escultórico intersticial, cirande-se em torno da mesma, apropriem-se do espaço, sentem-se ao lado de Camões em dia de Sol, de manhã, ou à tarde já depois do astro-rei para lá dos montes se ter passado... perceber-se-á então que dos valores até à ideia, ao desenho, à escultura, à arquitectura e ao urbanismo a distância foi curta, foi fácil...
Conclusão
Organizar o espaço com esculturas aumenta a qualidade urbana dos sítios, dos locais... com a escala, proporções, volumes, materiais, texturas e enquadramentos proporcionadores de panorâmicas, de emoções estéticas...
PS1 – A Elegia III consta de várias compilações da obra de Luís de Camões. A versão aqui utilizada provém das Obras completas Volume II Géneros líricos maiores. Com prefácio e notas do prof. Hernâni Cidade (1968). Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 3ª ed. Consta igualmente de Rimas varias de Luis de Camoens [...] (1980). SL: Associação para a Reconstrução e Instalação da Casa-Memória de Camões em Constância e Câmara Municipal de Constância. Em ambas as edições consta a palavra “Umas” com um til sobre o “u” em vez do “m”. Por dificuldades de escrita do mesmo apresento “umas”.
PS2 – O escultor Lagoa Henriques morreu no passado sábado, 21/2/09, com 85 anos.
A escultura apresenta-nos mais do que a focal estátua muitas vezes esperada, já que de volumes vários é formada e com escala e modelação de espaço que mais fazem lembrar a arquitectura. Percorra-se então o espaço escultórico intersticial, cirande-se em torno da mesma, apropriem-se do espaço, sentem-se ao lado de Camões em dia de Sol, de manhã, ou à tarde já depois do astro-rei para lá dos montes se ter passado... perceber-se-á então que dos valores até à ideia, ao desenho, à escultura, à arquitectura e ao urbanismo a distância foi curta, foi fácil...
Conclusão
Organizar o espaço com esculturas aumenta a qualidade urbana dos sítios, dos locais... com a escala, proporções, volumes, materiais, texturas e enquadramentos proporcionadores de panorâmicas, de emoções estéticas...
PS1 – A Elegia III consta de várias compilações da obra de Luís de Camões. A versão aqui utilizada provém das Obras completas Volume II Géneros líricos maiores. Com prefácio e notas do prof. Hernâni Cidade (1968). Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 3ª ed. Consta igualmente de Rimas varias de Luis de Camoens [...] (1980). SL: Associação para a Reconstrução e Instalação da Casa-Memória de Camões em Constância e Câmara Municipal de Constância. Em ambas as edições consta a palavra “Umas” com um til sobre o “u” em vez do “m”. Por dificuldades de escrita do mesmo apresento “umas”.
PS2 – O escultor Lagoa Henriques morreu no passado sábado, 21/2/09, com 85 anos.
Temas
Escultura
TEMPO Nº 26 - FOTOGRAFIAS DA GOLEGÃ (2)
Golegã, Igreja matriz. Fachada principal. Rosácea, esferas armilares e escudo de armas reais (D. Manuel I?). Foto 2009.
Temas
Arquitectura
TEMPO Nº25 - FOTOGRAFIAS DA GOLEGÃ (1)
Golegã, Igreja matriz, séc. XVI. Arquitecto Diogo Boitaca(?). Foto 2009.
Portal manuelino com motivos decorativos vegetais inter-relacionando colunas torsas, arco polilobado (cairelado?), alfiz, óculos ladeando imagem de N. Senhora com o menino - num nicho dentro de um pentágono com lados curvos - cruzes da Ordem de Cristo, cartelas, cornucópias, cordões, etc.
Portal manuelino com motivos decorativos vegetais inter-relacionando colunas torsas, arco polilobado (cairelado?), alfiz, óculos ladeando imagem de N. Senhora com o menino - num nicho dentro de um pentágono com lados curvos - cruzes da Ordem de Cristo, cartelas, cornucópias, cordões, etc.
Temas
Arquitectura
TEMPO Nº23 - FOTOGRAFIAS DE PARIS (3)
Paris, Île de la Cité, fachada oeste da catedral de Notre-Dame, c. 1163-1250. Mestres de obra - Jean de Chelles, Pierre de Montreuil, Pierre de Chelles, Jean Ravy e Jean le Bouteiller. Estilo gótico primitivo. Rio Sena ( La Seine).
Temas
Água,
Arquitectura
TEMPO Nº21 - MARIA CALLAS (1)
“[...] if its to be but one Traviata in your collection, it must be the Callas.”
Alan Blyth, Gramophone, 11/1987 [A propósito da edição da EMI EX291315-3]
“[...] O sucesso da transmissão motivou esta edição que procurámos efectuar respeitando a fonte sonora original e os parâmetros acústicos da sala do Teatro de São Carlos.”
In pág. 10 do livro de 89 páginas que acompanha a edição da RDP com o número SPA: RDP 02/03 CD
Aos 27 e 30 dias do mês de Março do ano de 1958, se porventura os meus caros estavam por Lisboa, com mais de 18 (?) anos e não foram ao S. Carlos, manda a cabeça, o coração, o estômago, a alma e sei lá que mais que vos diga que não sabem o que perderam!
Porquê? Está à vista. A diva, a divina, esteve cá! E esteve de tal maneira que ainda hoje, volvidos que são mais de 50 anos, a interpetação que Maria Callas de seu nome levou à cena, continua a ser uma das referências para a La Traviata do Verdi, com libreto de Francesco Maria Piave baseado no livro A dama das camélias de Alexandre Dumas. Para os especialistas... a Lisbon Traviata, como é conhecida no meio internacional.
Para o caso em apreço só a partir dos anos 80 se começou a conhecer no mundo a versão da Traviata do São Carlos, por edição da EMI, actualmente no mercado com o nº de catálogo 7243 556330 2 6. A edição em questão desde cedo que se constituiu como uma referência artística de qualidade inegável no mundo dos... dos tais, dos melómanos, bem entendido. A razão é simples, a interpretação de Callas no papel de Violeta e de Alfredo Kraus no de Alfredo são de uma excelência tal que não há ruído de fundo próprio de algumas das gravações da época que os melómanos ouçam.
Em 25 de Setembro de 1997 a Antena 2 transmitiu a ópera em apreço integralmente, a partir de fontes sonoras próprias, seguindo-se-lhe em 2000 a edição de uma caixa de cartão de excelente apresentação com dois CDs e um livro formato 14,3 x 12,4 cm contendo o libreto em italiano e português, notas explanatórias e um conjunto inédito de fotografias da diva por terras de Lisboa. Ou seja, coisa de coleccionadores, melómanos e quejandos que tais. O editor é a RDP, tendo o nº de catálogo SPA: RDP 02/03 CD e 2000 exemplares de tiragem, esgotados em pouco tempo.
De momento, para adquirir a caixinha mágica a única solução são os leilões... se a conseguirem encontrar!
Para além das edições referidas há mais Traviatas pela Callas que são uma boa escolha. São várias noutros locais e datas, com as inevitáveis vicissitudes de captação de som da época (existem gravações de várias das 63 vezes em que Callas terá interpretado a Traviata).
Conclusão
Para coleccionadores e Callas-dependentes - As duas edições em epígrafe não são iguais, logo, a solução é adquirir ambas, noblesse oblige. Ou seja; quem tem uma não tem nenhuma! (1)
(1) – Uma busca simples pela internet revela-nos algumas surpresas... para além das duas edições da Traviata de Lisboa em epígrafe parece existirem mais, pela Carillon, pela Pearl, pela Myto, pela Movimento Musica(?)... ou seja, mais despesas, se se conseguirem encontrar todas, o que não parece ser fácil.
“[...] O sucesso da transmissão motivou esta edição que procurámos efectuar respeitando a fonte sonora original e os parâmetros acústicos da sala do Teatro de São Carlos.”
In pág. 10 do livro de 89 páginas que acompanha a edição da RDP com o número SPA: RDP 02/03 CD
Aos 27 e 30 dias do mês de Março do ano de 1958, se porventura os meus caros estavam por Lisboa, com mais de 18 (?) anos e não foram ao S. Carlos, manda a cabeça, o coração, o estômago, a alma e sei lá que mais que vos diga que não sabem o que perderam!
Porquê? Está à vista. A diva, a divina, esteve cá! E esteve de tal maneira que ainda hoje, volvidos que são mais de 50 anos, a interpetação que Maria Callas de seu nome levou à cena, continua a ser uma das referências para a La Traviata do Verdi, com libreto de Francesco Maria Piave baseado no livro A dama das camélias de Alexandre Dumas. Para os especialistas... a Lisbon Traviata, como é conhecida no meio internacional.
Para o caso em apreço só a partir dos anos 80 se começou a conhecer no mundo a versão da Traviata do São Carlos, por edição da EMI, actualmente no mercado com o nº de catálogo 7243 556330 2 6. A edição em questão desde cedo que se constituiu como uma referência artística de qualidade inegável no mundo dos... dos tais, dos melómanos, bem entendido. A razão é simples, a interpretação de Callas no papel de Violeta e de Alfredo Kraus no de Alfredo são de uma excelência tal que não há ruído de fundo próprio de algumas das gravações da época que os melómanos ouçam.
Em 25 de Setembro de 1997 a Antena 2 transmitiu a ópera em apreço integralmente, a partir de fontes sonoras próprias, seguindo-se-lhe em 2000 a edição de uma caixa de cartão de excelente apresentação com dois CDs e um livro formato 14,3 x 12,4 cm contendo o libreto em italiano e português, notas explanatórias e um conjunto inédito de fotografias da diva por terras de Lisboa. Ou seja, coisa de coleccionadores, melómanos e quejandos que tais. O editor é a RDP, tendo o nº de catálogo SPA: RDP 02/03 CD e 2000 exemplares de tiragem, esgotados em pouco tempo.
De momento, para adquirir a caixinha mágica a única solução são os leilões... se a conseguirem encontrar!
Para além das edições referidas há mais Traviatas pela Callas que são uma boa escolha. São várias noutros locais e datas, com as inevitáveis vicissitudes de captação de som da época (existem gravações de várias das 63 vezes em que Callas terá interpretado a Traviata).
Conclusão
Para coleccionadores e Callas-dependentes - As duas edições em epígrafe não são iguais, logo, a solução é adquirir ambas, noblesse oblige. Ou seja; quem tem uma não tem nenhuma! (1)
(1) – Uma busca simples pela internet revela-nos algumas surpresas... para além das duas edições da Traviata de Lisboa em epígrafe parece existirem mais, pela Carillon, pela Pearl, pela Myto, pela Movimento Musica(?)... ou seja, mais despesas, se se conseguirem encontrar todas, o que não parece ser fácil.
Temas
Música
TEMPO Nº 20 - FOTOGRAFIAS DE ÉVORA (3)
Templo romano de Évora. Séc. I. Base com plinto(?), toros, escócia, coluna com listel, fuste com caneluras e entrecanas. 2007
Temas
Arquitectura
TEMPO Nº19 - FOTOGRAFIAS DE PARIS (2)
Paris, Tour Eiffel, 1887-1889
“[...] toda a cultura é vista como um sistema de sistemas de signos em que o significado de um significante se torna por sua vez significante de um outro significado, ou até significante do próprio significado [...]"
Umberto Eco, O signo, 1973 [Editorial Presença, SD:222]
Paris é para sempre, diz-se. E quem o diz normalmente tem na memória visual os contornos da Torre Eiffel recortados no horizonte. Mesmo que nunca tenha ido a Paris já lá foi. A Torre Eiffel é a prova provada disso mesmo.
O que nem todos os viajantes de imaginários têm sempre presente é que a Tour foi polémica q.b. no seu tempo. E foi-o de tal maneira que conseguiu juntar do mesmo lado da oposição nomes muitos da sociedade pensante parisiense de então – escritores, pintores, escultores, arquitectos, apaixonados amantes da beleza, Émile Zola escritor, Guy Maupassant escritor, Charles Gounod músico, Charles Garnier arquitecto... muitos foram os que assinaram a carta aberta ao comissário da Exposição Universal de 1889. O protesto é fácil de perceber, numa época em que os monumentos de ferro não ofereciam a mesma dignidade simbólica que a clássica pedra, a que se juntou o receio do colapso estrutural e da falta de segurança.
Conclusão
O tempo, esse grande mestre, fez o resto. Ou seja, as formas parece terem esse condão de tanto darem significado às ideias como de se tornarem elas próprias significantes do próprio significado, Eco dixit...
Temas
Engenharia,
Mentalidades
TEMPO Nº18 - FOTOGRAFIAS DE CONSTÂNCIA (4)
Constância, Praça Alexandre Herculano e Pelourinho (Imóvel de Interesse Público. Decreto nº23122 de 11.10.1933). Festas de N. Sra da Boa Viagem, 11 de Abril de 2004.
Temas
Pelourinhos
TEMPO Nº17 - FOTOGRAFIAS DE ÉVORA (2)
Não existem certezas quanto ao ter sido dedicado a Diana, a Júpiter ou ao Imperador. Colunas de fuste canelado e capitéis coríntios. Está situado no centro histórico de Évora, considerado pela UNESCO desde 1986 como Património Mundial. Fotografia de 2007.
http://whc.unesco.org/fr/list/361/
http://whc.unesco.org/fr/list/361/
Temas
Arquitectura
TEMPO Nº16 - A ÁGUA E A CIDADE (1)
"Lorsque Dieu entreprit d’ordonner le tout, au début, le feu, l’eau, la terre et l’air portaient des traces de leur propre nature [...] C’est dans cet état qu’il les prit, et il commença par leur donner une configuration distincte au moyen des idées et des nombres. Qu’il les ait tirés de leur désordre pour les assembler de la manière la plus belle et la meilleure possible [...]"
Platon, Timée, 52c-53c [Negrito meu]
"Tanta água! Tanta água!
Mas, à escala cósmica, a água é mais rara do que o ouro. [...]
Aproveitemos este momento para saudar o aparecimento da água na Terra."
Hubert Reeves, Um pouco mais de azul, 1981. [Gradiva, 2ª ed., 1984:99-100].
Évora. Praça Joaquim António de Aguiar. 2007.
Ao fundo Teatro Garcia de Resende.
A água tem valores que não são de hoje nem de ontem. São de sempre. Sabêmo-lo há muito, da religião, da filosofia, da biologia, da química, da arquitectura, do urbanismo... i.e., das ideias, conteúdos, funções e formas com que organizamos a vida e os espaços onde ela se passa.
Se a vida organizada ocorre em espaços públicos e privados, mister se torna que os mesmos reflictam e contenham estes saberes. O conhecimento acumulado até hoje, até às ciências sociais, até à ciência química dos elementos, permite-nos legitimar o desejo de novos e velhos modelos de organização do espaço construído. De facto a utilização da água nos espaços públicos é velha, velha de muitos anos, nos chafarizes, repuxos, quedas, cursos e percursos, aquedutos, tanques, cascatas, levadas, piscinas, lagos, termas... ou seja, desenhar a cidade utilizando a água é usá-la como elemento definidor de planos, do acentuar escultórico, da orientação de percursos... aumentando por conseguinte a qualidade arquitectónica e ambiental dos espaços.
Évora, Praça de Sertório, 2007
Mas, à escala cósmica, a água é mais rara do que o ouro. [...]
Aproveitemos este momento para saudar o aparecimento da água na Terra."
Hubert Reeves, Um pouco mais de azul, 1981. [Gradiva, 2ª ed., 1984:99-100].
Évora. Praça Joaquim António de Aguiar. 2007.
Ao fundo Teatro Garcia de Resende.
A água tem valores que não são de hoje nem de ontem. São de sempre. Sabêmo-lo há muito, da religião, da filosofia, da biologia, da química, da arquitectura, do urbanismo... i.e., das ideias, conteúdos, funções e formas com que organizamos a vida e os espaços onde ela se passa.
Se a vida organizada ocorre em espaços públicos e privados, mister se torna que os mesmos reflictam e contenham estes saberes. O conhecimento acumulado até hoje, até às ciências sociais, até à ciência química dos elementos, permite-nos legitimar o desejo de novos e velhos modelos de organização do espaço construído. De facto a utilização da água nos espaços públicos é velha, velha de muitos anos, nos chafarizes, repuxos, quedas, cursos e percursos, aquedutos, tanques, cascatas, levadas, piscinas, lagos, termas... ou seja, desenhar a cidade utilizando a água é usá-la como elemento definidor de planos, do acentuar escultórico, da orientação de percursos... aumentando por conseguinte a qualidade arquitectónica e ambiental dos espaços.
Évora, Praça de Sertório, 2007
Temas
Água,
Arquitectura,
Praças
TEMPO Nº 11 - PAUSA PARA UM CAFÉ (1)
Uma nota
Guide Cafés Historiques et Patrimoniaux d’Europe 2005-2006 (2005). Grenoble: Association Les Mordus des cafés historiques et patrimoniaux d’Europe.
Parece que já por aí anda a edição de 2007-2008, porém ainda não chegou a estas bandas.
Parece que já por aí anda a edição de 2007-2008, porém ainda não chegou a estas bandas.
Há o café bebida e há o café espaço, onde as horas têm outro tempo, quando o temos, ou mesmo não o tendo o inventamos.
Se há e houve espaços urbanos mágicos no nosso território, um deles é o café. Foi à mesa do café que muitos dos nossos escritores, pintores, músicos, poetas e políticos, entre outros, sonharam e desenharam os contornos da vida de direitos, liberdades, garantias e valores de que gozamos hoje, quase sem darmos por isso.
Nunca é demais lembrar que as liberdades não são genéticas, i.e., aprendem-se, ensinam-se, transmitem-se e têm na sua matriz uma plêiade notável de grandes pensadores, artistas, cientistas, militares, políticos...
Nomes? É infindável a lista dos nomes, de todos os campos das letras, das artes, da ciência, da política, Mozart, Baudelaire, Goethe, Rousseau, Hemingway, Picasso, Cézanne, Sartre, Bocage, Pessoa, Cesário, a lista é grande, é enorme... e uma leitura atenta do Guide Cafés historiques et patrimoniaux d’Europe 2005-2006 dá-nos um roteiro dos mesmos, por onze países. A lista dos cafés é extensa, de Portugal, Espanha França, Alemanha, Itália, Áustria... vale uma leitura, recomenda-se e, quando en voyage, que ande sempre no bolso - 240 páginas, 18x9,4 cm na ed. em apreço. De Portugal, na ed. de 2005-2006, constam o Martinho da Arcada, o Nicola, os Pastéis de Belém e a Brasileira do Chiado, todos de Lisboa. Só lá estão estes, quiçá pelo apertado critério de sempre em actividade e mais de 80 anos de idade, havendo certamente outros que o mereciam, merecem.
Conclusão
Há o café bebida e há o café espaço, de imaginários filosóficos, artísticos, de literatura, históricos, políticos, de arquitectura de interiores, de design urbano, mobiliário, cores, texturas, de serviços e sabores (atenção aos preços). No fundo e à mesa é uma viagem pelos tempos, dos nossos espaços, com emoções estéticas q.b.
Se há e houve espaços urbanos mágicos no nosso território, um deles é o café. Foi à mesa do café que muitos dos nossos escritores, pintores, músicos, poetas e políticos, entre outros, sonharam e desenharam os contornos da vida de direitos, liberdades, garantias e valores de que gozamos hoje, quase sem darmos por isso.
Nunca é demais lembrar que as liberdades não são genéticas, i.e., aprendem-se, ensinam-se, transmitem-se e têm na sua matriz uma plêiade notável de grandes pensadores, artistas, cientistas, militares, políticos...
Nomes? É infindável a lista dos nomes, de todos os campos das letras, das artes, da ciência, da política, Mozart, Baudelaire, Goethe, Rousseau, Hemingway, Picasso, Cézanne, Sartre, Bocage, Pessoa, Cesário, a lista é grande, é enorme... e uma leitura atenta do Guide Cafés historiques et patrimoniaux d’Europe 2005-2006 dá-nos um roteiro dos mesmos, por onze países. A lista dos cafés é extensa, de Portugal, Espanha França, Alemanha, Itália, Áustria... vale uma leitura, recomenda-se e, quando en voyage, que ande sempre no bolso - 240 páginas, 18x9,4 cm na ed. em apreço. De Portugal, na ed. de 2005-2006, constam o Martinho da Arcada, o Nicola, os Pastéis de Belém e a Brasileira do Chiado, todos de Lisboa. Só lá estão estes, quiçá pelo apertado critério de sempre em actividade e mais de 80 anos de idade, havendo certamente outros que o mereciam, merecem.
Conclusão
Há o café bebida e há o café espaço, de imaginários filosóficos, artísticos, de literatura, históricos, políticos, de arquitectura de interiores, de design urbano, mobiliário, cores, texturas, de serviços e sabores (atenção aos preços). No fundo e à mesa é uma viagem pelos tempos, dos nossos espaços, com emoções estéticas q.b.
Temas
Mentalidades
TEMPO Nº 6 - TEMPO DE ESCULTURA NA CIDADE (1)
"Depois foi através das ruas rodeadas de palácios, [...] Por toda a parte se viam estátuas. Havia estátuas de mármore claro e estátuas de bronze. Outras eram de barro pintado. E a beleza de Florença espantou o Cavaleiro [...]".
Sophia de Mello Breyner Andresen, O Cavaleiro da Dinamarca, 1964
A escultura é um espaço sonhado, com ideias e valores atribuídos, modelado, esculpido, perceptível em formas proporcionalmente belas e com harmonia.
A herança da arte grega e romana anda por aqui outra vez, via caminhos de Florença, num percurso cuja matriz civilizacional é a do espaço onde vivemos e onde podemos na esfera das nossas atribuições de profissão, de cidadania, de pessoa, desejá-la, tê-la, usá-la, explicá-la, levá-la ainda mais longe, é a herança humana no seu melhor que no-lo exige.
A organização dos espaços públicos e privados carece da arte da escultura, seja como um marco visual na paisagem, seja como uma referência de locomoção, seja como um símbolo... no fundo se não se organizar o espaço para as funções, para as vivências dos tempos, ficamos vazios de referências. A ausência de referências, mormente as que estão na origem dos grandes paradigmas de organização do espaço urbano, conduz-nos socialmente ao desnorteamento, à perda dos sentidos para a vida, incluindo no limite a violência urbana gratuita... sabemos isto por dedução, por indução, por analogia, por acto de inteligência, por simples experiência própria quotidiana.
A existência de espaço organizado implica assim a estruturação do universo de valores em que nos movimentamos, dando significado às vivências e aos tempos da vida. Melhor dito, ficamos todos espiritualmente mais ricos se o espaço for estruturado em torno de referentes. Os que aqui se abordam hoje já levam mais de dois mil anos de idade, aqui para os nossos lados, nos nossos espaços. I.e., já são símbolos mais do que repristinados e resistem, resistem...
Ah, já agora, os caminhos da escultura são vastos e não de interpretação única, não se restringem à modelação clássica ou romântica das formas humanas, espraiam-se por outras águas e com outros paradigmas, bem, mas isso são espaços para outros tempos. Voltarei...
Conclusão
1 - Parece não nos faltarem boas razões para boas práticas - seja sonhando/pensando, seja dirigindo/organizando, seja programando, seja esculpindo, seja ensinando e transmitindo os saberes da (escultura) arte, necessária à vida.
2 - A arte e o belo enquanto elementos de uma praxis harmoniosamente sonhada, desejada, procurada, organizada, conduzem-nos a valores e a emoções estéticas, que dão sentido(s) à vida.
PS - Palavras chave encontradas no texto de Sophia de Mello Breyner citado - ruas; palácios; estátuas (3 vezes); mármore; bronze; barro pintado; beleza; Florença.
O texto em questão pertence a um dos livros apresentado no programa de Língua Portuguesa do 7º ano, pág. 33, como um dos possíveis de seleccionar para obra de leitura orientada.
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